quinta-feira, 20 de março de 2008

A cueca como limite


Em meio às várias metáforas que temos utilizado como fonte de investigação no processo criativo, a presença do objeto CUECA ganha espaço privilegiado enquanto material.

Ela, enquanto objeto concreto, apareceu pela primeira vez no processo já em agosto do ano passado, por ocasião da residência em Teresina. A composição de uma imagem específica com uma única cueca ficou fortemente registrada e quase que por acaso uma sacola de cuecas surge novamente em janeiro deste ano.

Para nós elas são interessantes na medida em que podem tratar metaforicamente do limite entre nu e não-nu, já que estereotipicamente ela representa a vestimenta. Genericamente, de cueca eu ainda não estou nu. Um tênue limite que me interessa muito. É como se nela estivesse a chave que me permite balizar aquilo que se desnuda ou não. Tudo metáfora, claro.

Eis que depois de muito trabalho com elas em estúdio, várias ações surgem. Dentre as quais destaco uma seqüência de por e tirar cuecas que emerge da primeira imagem, lá do ano passado. Pois bem... aqui temos uma questão difícil para lidar! Na ânsia de não padecer de ingenuidade histórica, temos tentado investigar artistas e obras que tratam/trataram de questões próximas às nossas e eis que um dia a Beti traz para a roda um trabalho do francês Alain Buffard que para nossa surpresa trata do material “cueca” de forma incrivelmente parecida com a que estávamos tratando até então. Trata-se do trabalho “Good Boy”, de 1998 (um trecho pode ser visto no link: http://www.youtube.com/watch?v=7JY_3TKoN0U&NR=1)

Depois de uma pequena crise ocasionada pela coincidência, sinto que a aproximação só está me estimulando a aprofundar a investigação em trânsito com as cuecas.

E você, o que guarda dentro das suas cuecas?
Quais são as cuecas da sua nudez?

Ricardo.

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