segunda-feira, 17 de março de 2008

Correndo atrás do MEU pensamento com MINHA dança.


Uma das guerras mais instigantes e intensas que tenho travado comigo mesmo neste processo de criação diz respeito a sabotar parte do controle que tenho sobre as ações, sobre mim, sobre minha dança.

Como se fosse possível retirar de mim o controle de minhas ações. Assumo que tal proeza é reconhecidamente impossível para seres vivos dotados de razão. Aliás penso que em certa medida trata-se de tarefa impossível para todo ser vivo com algum tipo de sistema nervoso que o permita escolher. Minha busca então é por chegar o mais perto de um não controle, deixando assim que outras coisas, diferentes daquelas que normalmente consigo alcançar intelectualmente, apareçam.

Nesse caminho, que surgiu em setembro do ano passado e que venho exercitando quase diariamente desde o início de janeiro, muita coisa já aconteceu.
Parece que nessa busca o que encontro é uma forma de materializar em movimento o jeito que penso. Uma quase qualidade de movimento que tem relação com uma quase sempre parecida forma de pensar o mundo.

Velocidade, ansiedade, vetores contrários e simultâneos. Uma profusão de imagens em movimento que me faz lembrar de como meu pensamento funciona!

Depois de muito experimentar tal procedimento, surge uma importante referência para a questão: o trabalho da performer portuguesa Vera Mantero. Dentre várias metodologias de trabalho de Vera destaco o que ela chama de “escrita automática no espaço”, um princípio investigativo que me parece estar bastante próximo do que estou fazendo. Tal investigação se materializa de diversas formas na arte de Mantero, no entanto a obra “Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois”, de 1991, materializa fortemente essa dimensão.

Eu diria que minha pergunta é de outra natureza: e se ele conseguisse dar a ver TUDO o que esta passando por sua cabeça? Será que ele consegue escolher dançar todas as informações que atravessam o pensamento?

Ricardo.

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